• O ESTUDO

    Nos últimos anos, tem sido crescente o interesse do Governo Federal e de Secretarias Estaduais e Municipais de Educação pela aquisição de dispositivos móveis como tablets e laptops, sendo cada vez mais frequente o investimento nessa área.

    Mas como está sendo feita a integração desses equipamentos nas redes de ensino públicas do país? Qual a articulação existente entre os pilares de infraestrutura, formação de professores e produção de conteúdo digital nas ações em desenvolvimento? Quais as perspectivas para o futuro da integração das tecnologias de informação e comunicação na educação brasileira? Quais as boas práticas identificadas ao redor do país?

    Para responder a essas perguntas, o Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Columbia, com apoio do IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) e financiamento da Qualcomm, realizou um amplo estudo qualitativo cobrindo as cinco regiões do Brasil, nas cidades de Brasília, Curitiba, Goiânia, Manaus, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

    Foram mais de 160 horas de registro de entrevistas e grupos focais com secretários de educação, diretores de tecnologia da informação, diretores pedagógicos, coordenadores de tecnologia educacional, professores de ensino fundamental e médio de secretarias municipais e estaduais, além de especialistas do Ministério da Educação, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, do setor privado e de organizações não governamentais.

    O relatório desse estudo foi lançado no dia 12 de agosto de 2015 na conferência Aprendizagem Móvel no Brasil: olhares locais e globais sobre as políticas públicas e o futuro.

    Baixe aqui a publicação da pesquisa Aprendizagem Móvel no Brasil: gestão e implementação das políticas públicas atuais e perspectivas futuras

    Você pode baixar a publicação completa aqui ou por capítulos abaixo, se preferir.

  • CONFERÊNCIA

    O objetivo da Conferência realizada nos dias 12 e 13 de agosto foi o de permitir a gestores públicos, empreendedores e especialistas discutirem as experiências de aprendizagem móvel bem sucedidas em outros países, além das boas práticas desenvolvidas no Brasil e os desafios para o futuro que emergem do estudo sobre a implantação das tecnologias móveis na educação pública no país, realizado pelo Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Columbia, lançado nesta oportunidade.

    O evento reuniu participantes de destaque como professores da Universidade de Columbia, representantes do Banco Mundial, do BID e da UNESCO, representantes do Ministério da Educação, Ministério da Comunicação e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Educacional, além de representantes do Legislativo Federal, Secretários de Educação municipais e estaduais, empresas de telecomunicação, empreendedores de startups de educação e organizações sociais da área de TIC (tecnologias da informação e da comunicação) na educação.

    No dia 13 de agosto, houve uma oficina de inovação onde profissionais de perfil pedagógico e de TI das Secretarias de Educação, do Governo Federal, e de outros setores da sociedade, foram convidados para debater sobre a #AprendizagemMóvel que queremos no Brasil.

    Os resultados dessa oficina serão compartilhados em breve neste site.

    12 de agosto

    • 08:00 - 09:00 Inscrição e café da manhã
    • 09:00 - 09:20 Abertura
                                    Rafael Steinhauser, Qualcomm
                                    Thomas Trebat, Universidade Columbia

    Aprendizagem móvel no Mundo

    • 09:20 - 09:40 Keynote: Elena Arias Ortiz, Banco Interamericano de Desenvolvimento
    • 09:40 - 10:45 Casos de sucesso em aprendizagem móvel
                                    Moderador: Thiago Rached, Universidade Columbia
                                    Fernando Salvatierra, UNESCO - Buenos Aires
                                    Fiorella Haim, Plan Ceibal - Uruguai
                                    Jim Klein, Saugus District - Califórnia
    • 10:45 - 11:00 Coffee break

    Aprendizagem móvel no Brasil

    • 11:00 - 11:20 Keynote: Barbara Bruns, World Bank
    • 11:20 - 12:15 Apresentação da Pesquisa da Universidade de Columbia e Debate
                                    Fernanda Rosa, Columbia University
                                    Comentador: Alexandre Barbosa, CETIC.br
    • 12:15 - 12:35 Keynote: Cristovam Buarque, Senado
                                    Keynote: Ricardo Magalhães, Ministério da Educação
    • 12:35 - 13:45 Almoço
    • 13:45 - 14:05 Keynote: Maximiliano Martinhão, Ministério das Comunicações
    • 14:05 - 15:20 Diferentes modelos de conectividade
                                    Moderador: Gustavo Azenha, Universidade Columbia
                                    Rossieli da Silva, Secretaria de Estado da Educação do Amazonas
                                    Eliezer da Silva, Secretaria de Estado da Educação da Bahia
                                    Renê de Lima Barbosa, FNDE
                                    Orlando Saboya, Secretaria de Estado da Educação do Rio de Janeiro
    • 15:20 - 16:05 Parcerias Multi-setoriais e Tendências em Conectividade
                                    Moderador: Thomas Trebat, Universidade Columbia
                                    Oren Pinsky, Qualcomm
                                    Mila Gonçalves, Fundação Telefônica
    • 16:05 - 16:20 Coffee break
    • 16:20 - 17:30 Boas práticas em produção de conteúdo digital
                                    Moderadora: Fernanda Rosa, Universidade Columbia
                                    Eziquiel Menta, Secretaria de Estado da Educação do Paraná
                                    Helena Bomeny, Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro
                                    Felipe Rezende, EvoBooks
                                    Leandro Holanda, Fundação Lemann

                                    Boas práticas em treinamento de professores
                                    Moderadora: Priscila Cruz, Todos pela Educação
                                    Roberlayne Roballo, Secretaria Municipal de Educação de Curitiba
                                    Laura Rossi, MEC
                                    Ana Paula Bessa, Secretaria de Estado da Educação do Rio de Janeiro
                                    Adriana Martinelli, Singularidades
    • 17:30 - 17:50 Gabriela Mora, UNICEF
    • 17:50 - 18:00 Encerramento
                                    Gustavo Azenha, Universidade Columbia
  • Abertura

    Rafael Steinhouser, Qualcomm

    Thomas Trebat, Universidade Columbia

    Keynote

    Elena Arias Ortiz, Banco Interamericano de Desenvolvimento
    Apresentação

    Painel 1 - Casos de sucesso em aprendizagem móvel

    Moderador

    Thiago Rached

    Fernando Salvatierra, UNESCO - Buenos Aires
    Apresentação

    Fiorella Haim, Plan Ceibal - Uruguai
    Apresentação

    Jim Kein, Saugus District - Califórnia
    Apresentação

    Keynote

    Barbara Bruns, World Bank
    Apresentação

    Painel 2 - Apresentação da Pesquisa da Universidade Columbia

    Fernanda Rosa, Universidade Columbia
    Apresentação

    Comentador

    Alexandre Barbosa, CETIC.br

    Keynote

    Cristovam Buarque, Senado

    Ricardo Magalhães, Ministério da Educação

    Maximiliano Martinhão, Ministério das Comunicações
    Apresentação

    Painel 3 - Diferentes modelos de conectividade

    Moderador

    Gustavo Azenha, Universidade Columbia

    Rossieli da Silva, Secretaria de Estado da Educação do Amazonas
    Apresentação

    Eliezer da Silva, Secretaria de Estado da Educação da Bahia
    Apresentação

    Renê de Lima Barbosa, FNDE
    Apresentação

    Orlando Saboya, Secretaria de Estado da Educação do Rio de Janeiro
    Apresentação

    Painel 4 - Parcerias Multi-setoriais e Tendências em Conectividade

    Moderador

    Thomas Trebat, Universidade Columbia

    Oren Pinsky, Qualcomm
    Apresentação

    Mila Gonçalves, Fundação Telefônica
    Apresentação

    Painel 5 - Boas práticas em produção de conteúdo digital

    Moderadora

    Fernanda Rosa, Universidade Columbia

    Eziquiel Menta, Secretaria de Estado da Educação do Paraná
    Apresentação

    Helena Bomeny, Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro
    Apresentação

    Felipe Rezende, EvoBooks
    Apresentação

    Leandro Holanda, Fundação Lemann
    Apresentação

    Painel 6 - Boas práticas em treinamento de professores

    Moderadora

    Priscila Cruz, Todos pela Educação

    Roberlayne Roballo, Secretaria Municipal de Educação de Curitiba
    Apresentação

    Laura Rossi, MEC
    Apresentação

    Ana Paula Bessa, Secretaria de Estado da Educação do Rio de Janeiro
    Apresentação

    Adriana Martinelli, Singularidades
    Apresentação

    Keynote

    Gabriela Mora, UNICEF
    Apresentação

    Encerramento

    Gustavo Azenha, Universidade Columbia

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    Planejamento e política com foco na aprendizagem

    28/08/2015

    Estudo "Aprendizagem Móvel no Brasil", realizado pela Universidade de Columbia (EUA), aponta a necessidade de pensar além da distribuição de equipamentos nas escolas.

    O Brasil tem histórico em políticas para informatização e conexão de escolas. O ProInfo, o Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE), o programa Um Computador por Aluno, tablets para professores são algumas das iniciativas que ajudaram a  disseminar as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) nas redes de ensino. E são também, entre outras iniciativas públicas, os objetos de análise da pesquisa “Aprendizagem Móvel no Brasil”, lançada em agosto pela Universidade de Columbia (Estados Unidos).

    O estudo, realizado pelo Centro de Estudos Brasileiros da universidade estadunidense, teve apoio do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) e financiamento da empresa Qualcomm. O levantamento qualitativo cobriu as cinco regiões do Brasil, nas cidades de Brasília, Curitiba, Goiânia, Manaus, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
    Pesquisadora associada da Columbia, e responsável pela pesquisa, a brasileira Fernanda Rosa lembra que a tecnologia pode transformar a educação, mas precisa ser parte de uma política estruturada, que vá além da distribuição de hardwares.

    Como está a aprendizagem móvel nas escolas brasileiras?
    Fernanda Rosa – A pesquisa mostrou que os governos locais estão adquirindo tecnologia móvel em massa. Isso acontece por conta dos incentivos dados pelo governo federal, que abre editais e faz registros de preços. Porém, em muitos casos, esse processo está sendo feito a despeito dos outros pilares necessários para que exista uma política de aprendizagem móvel.

    Quais seriam esses outros pilares?
    Fernanda – Para o aprendizado móvel, as escolas precisam ter acesso a outras camadas da infraestrutura, como rede elétrica e conexão. Mas, além disso, há questões como formação de professores e produção e uso de conteúdos digitais. Só que, apesar de um quadro negativo, precisamos olhar para frente, porque não dá para parar. Precisamos fazer isso acontecer com planejamento e gestão de política pública. Acredito que o ponto central é a dimensão política, que envolve planejamento. Antes de comprar o hardware, precisamos saber o foco da política. E o foco ainda precisa ser a aprendizagem. Por isso adotamos o termo aprendizagem móvel no Brasil. Até hoje trabalhamos no plano da informatização. Tivemos o ProInfo, na década de 1990, que distribui equipamentos, para depois começarmos a nos preocupar com o uso da tecnologia. Foi a informatização da escola. Agora estamos na onda de informatização dos professores e alunos.

    E qual o grau de informatização dos professores?
    Fernanda – Podemos considerar que a política de levar equipamentos às escolas foi eficiente. A pesquisa TIC Educação, da Cetic.br, aponta que 84% das escolas urbanas têm laboratório de informática. Mas, no que diz respeito a uso pedagógico,  não estamos nem perto de alcançar o resultado esperado. A pesquisa revelou que, no Brasil, apenas 2% do tempo do professor é usado com Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Isso significa que, de cada 200 dias letivos, apenas em quatro o professor faz uso dessas tecnologias.

    Como ampliar a informatização de professores e alunos?
    Fernanda – Ainda não demos uma resposta adequada ao problema de uso da tecnologia para o aprendizado. E estamos informatizando professores e alunos com base nas tecnologias móveis, para permitir o aprendizado em qualquer hora e em qualquer lugar. Para isso, precisamos de formação de professor, infraestrutura adequada… O uso guiado dessas tecnologias também é necessário.

    O que é o uso guiado das tecnologias?
    Fernanda – Não adianta adquirir recursos e deixar na mão dos professores, para que decidam como serão usados. O levantamento mostrou que políticas guiadas têm mais efeito para o aprendizado. Quando o uso não é guiado, o foco fica na infraestrutura e não no aprendizado. Não diz como o recurso vai ser usado e o tempo que será usado. Aí o resultado é muito heterogêneo.

    Como se estabelecem esses objetivos e usos?
    Fernanda – É tarefa das secretarias de Educação definir os objetivos e, até certo ponto, os recursos a serem utilizados. E, claro, dar a liberdade que achar mais conveniente para as escolas. Uma política com definição de horário e tempo em que se vai fazer uso das tecnologias pode ser interessante. Do contrário, podem não ser usadas. Há diferentes perfis de professores, aqueles que têm medo dessa tecnologia, que acham que a tecnologia é ruim…

    Os governos deveriam também prover o conteúdo educacional?
    Fernanda – A gente precisa ser muito cuidadoso com essa coisa de dar uma solução. Claro que, quando estamos na academia, temos posição privilegiada de dizer o que tem de ser feito e dizer que o gestor precisa executar. No Brasil, há duas tendências: de compra de software de empresas; e outra de produção local de conhecimento e conteúdo digital. Cada uma dessas vertentes se baseia em um pressuposto. Quem produz localmente despende bastante recursos e a intenção é de que o professor seja o produtor de conhecimento. Outras secretarias, com menos menor capacidade de mobilização, optam, em geral, por adquirir conteúdo para os tablets da rede.
    O problema, nos dois casos, é que não há um plano anterior que delineie para onde ir. Temos boas práticas, mas mesmo secretarias que estão produzindo conteúdo não têm claro o currículo. Nosso objetivo é a aprendizagem dentro do currículo que a rede definiu. A tecnologia também pode atuar negativamente, se tirar o foco do conteúdo necessário. Não podemos perder de vista o currículo e não podemos focar no que não é o central.

    Uma solução seria um portal institucional com conteúdo educacional?
    Fernanda –  Precisamos que os conteúdos sejam planejados de acordo com o que queremos que o aluno aprenda. Uma plataforma para todos eu vejo como um projeto muito desafiador, por conta da autonomia de estados e municípios. Cada um está encaminhando sua política. Uma questão que apareceu na nossa pesquisa é que, ao contratar um recurso de um terceiro, a secretaria não precisa exercer uma gestão e corre o risco de delegar para a empresa a definição do que os alunos estarão aprendendo.

    Como fazer um planejamento do aprendizado móvel?
    Fernanda – O que a pesquisa mostrou, no contexto da tecnologia na educação, é que um ator seria chave para a mobilização pela capacidade institucional, que é o Ministério da Educação (MEC). Ainda que os estados e os municípios tenham autonomia, o MEC tem alta influência em políticas locais de educação. Essas definições poderiam ser direcionadas com participação ativa do ministério. Hoje faltam redes entre secretarias municipais e estaduais que abordem essa questão. Apontamos também a necessidade de mais fóruns que reúnam as pessoas envolvidas na gestão do ensino. Os problemas são recorrentes e similares em muitos aspectos. Então, seria interessante ter uma rede de gestores de Tecnologia da Informação, gestores pedagógicos com esse foco.

    Você poderia resumir a conclusão do estudo?
    Fernanda – O nossos olhar foi para a política como um todo. Pensamos em olhar os casos e ver as iniciativas que estão se desenvolvendo. Em todas as secretarias temos cases de sucesso em infraestrutura, conteúdo digital e formação de professor. Mas o foco do nosso estudo é mostrar que, para que isso se torne homogêneo, é necessário planejamento e uma política com foco na aprendizagem.

    Que risco a sociedade corre ao relevar essas questões?
    Fernanda  – É papel da escola formar uma geração para daqui a 12 anos. Deixar nas mãos dos estudantes a formação em tecnologia pode significar aumentar a desigualdade. Não estamos falando de algo pequeno. Se o aprendizado móvel não servir para transformação no processo de ensino, colocar o cidadão como sujeito do processo, entender a tecnologia como linguagem e não apêndice, podemos, como sistema de educação, contribuir para a maior desigualdade no futuro. As compras e aquisições estão acontecendo e com bom planejamento podemos alcançar os objetivos de aprendizado.

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